Devido à importância deste momento que simboliza a união e a resistência dos povos originários, o evento “Dia Internacional das Mulheres Indígenas”, que seria realizado neste fim de semana no Parque Lage, foi adiado e terá nova data anunciada em breve
A Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM) se junta às celebrações pelo retorno do Manto Sagrado Tupinambá - finalmente repatriado após mais de 300 anos na Europa - num momento de mobilização coletiva indígena e convoca a todos para participar dos eventos previstos para os próximos dias 7 e 8 de setembro, em homenagem ao retorno do Manto. Com isso, A AIAM decidiu pelo adiamento do evento “Dia Internacional das Mulheres Indígenas”, que estava programado para os mesmos dias, no Parque Lage. Uma nova data para o evento será anunciada em breve.
O retorno do Manto Tupinambá é um momento significativo para a comunidade indígena de todo o Brasil porque evoca a memória da Confederação dos Tamoios, um movimento de união convocado pelos principais caciques do povo Tupinambá no território que hoje é o estado do Rio numa aliança histórica das povos indígenas que habitavam no litoral e interior do atual estado do Rio – alguns dos quais lutavam uns contra os outros – contra os invasores europeus portugueses, em 1554.
Vista como símbolo de resistência e união indígena, a Confederação dos Tamoios tem como uma de suas heranças a própria Aldeia Maracanã, originada em 2006 com a ocupação do antigo prédio do Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã, por um grupo de indígenas de 17 etnias que fundaram no prédio o Instituto Tamoio dos Saberes dos Povos Originários. A AIAM tem suas raízes nesse movimento de mobilização coletiva indígena e hoje lidera a campanha “Restauro Já”, que cobra do governo estadual o cumprimento do compromisso com lideranças tradicionais indígenas de todo o Brasil – assumido no segundo semestre de 2013 – de restaurar o prédio do antigo Museu do Índio para que ali seja instalado o “Centro de Referência da Cultura Viva dos Povos Indígenas”.
No prédio, que por iniciativa das lideranças da AIAM foi tombado em 2013 pelos órgãos de patrimônio histórico do município do Rio (IRPH) e do governo do estado (INEPAC), trabalharam dois grandes defensores dos povos originários brasileiros: o marechal Cândido Rondon – criador, em 1910, do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), substituído pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em 1967 – e o antropólogo Darcy Ribeiro que criou em 1953 o Museu do Índio, o primeiro das Américas dedicado aos povos indígenas.
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